17 de abr. de 2015

Editorial da Cultura de Classe nº 9 - Janeiro/2015

A urgência de um seminário de cultura


"Uma das condições essenciais da boa escrita está em não soar mal, em respeitar a eufonia da linguagem." 

Rui Barbosa

Agora, já definidos os principais gestores da cultura do DF, é imprescindível acertar alguns entendimentos sobre a forma de trabalho do novo governo e sua relação com os agentes culturais da cidade. O Fórum de Cultura, em 19 de janeiro, já resolveu que isso deve ser feito em um Seminário de Cultura do DF.

É importante frisar que esse seminário é coisa bem diferente das Conferências de Cultura, pois elas não tinham espaço para o debate de idéias nem teorias. Não serviram sequer para a exposição de planos de trabalho do governo. Só eram realizadas para cumprir exigências que o MinC coloca para fazer convênios com os estados e municípios. Além disso, em algumas conferências, as plenárias foram invadidas por massas de manobra de forças políticas que disputavam cargos de delegados do orçamento participativo e de conselheiros de cultura das satélites. Na Conferência do Cruzeiro (2011), isso foi inclusive documentando em filme, que foi amplamente divulgado e enviado à Secretaria de Cultura com solicitação de anulação. Mas o governo acobertou e credenciou os delegados até nesse caso em que o abuso era indisfarçável.

Os seminários de cultura devem ser espaço de discussão de ideias e busca de consenso. Não é o caso de esperar o governo se entrosar primeiro para depois abrir a discussão com a sociedade. Quando fazem isso, a tendência é criar um corporativismo interno que tenta manter os consensos iniciais para poder começar logo a execução dos planos. Isso dificulta a abertura às contribuições novas da comunidade. A Secretaria já tem o consenso inicial para fazer os trabalhos: é o programa do governo eleito, que, por sinal, foi feito com contribuições de muitos formadores de opinião da comunidade cultural. Então, é necessário debater agora a forma de realizar esse programa, ouvir as contribuições da comunidade para transformá-lo em planos de ação de cada área. 

É imprescindível também que tenham abertura para ouvir as críticas, pois nessa nossa área, sempre existem inúmeras formas de realizar uma tarefa e devemos adotar a que for mais enriquecedora para a sociedade, dentro das condições materiais que conseguirmos conquistar. Assim, colhendo contribuições de intelectuais do setor cultural, os planos de ação poderão ter melhor fundamentação teórica, e com as contribuições da comunidade cultural, estarão mais compatíveis com as práticas do povo.

Além desse seminário nosso, é importante que os novos gestores (e também nós todos que discutimos cultura) participem do seminário internacional de políticas culturais, da Fundação Casa de Rui Barbosa, que será realizado em maio próximo. Esse é especialmente importante para dar base teórica às práticas que virão. Nós da Cultura de Classe estamos nos preparando para ir e esperamos encontrá-los lá.

Cultura de Classe

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